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segunda-feira, 2 de julho de 2012

A Arte e as Dificuldades de ensinar uma criança Autista (Continuação)


2.ASPECTOS TEÓRICOS DO ESTUDO
2.1.QUESTÕES PRELIMINARES
Este trabalho com essas crianças, necessita de muito investimento pessoal, capacitação, informação, e união de esforços, para que as crianças ampliem suas competências e habilidades, para que se possa ter e desenvolver uma prática educacional adequada e eficaz, que supra a necessidade dessas crianças e dê satisfação ao profissional que de perto lhe assiste.
Há necessidade da formação e funcionamento de escolas com projeto pedagógico interdisciplinar voltado para áreas do conhecimento das ciências químico-físicas e biológicas, sócio-históricas e do pensamento lógico-matemático.
É muito fácil para aqueles que ficam fechados em suas salas de trabalho “inventar” coisas novas que de certa forma deve ajuda-los a se sentir melhor. Apenas determinam que deve haver a inclusão de portadores de necessidades especiais, mas esquecem de saber como funciona na prática e quais as implicações e preparações necessárias antes de “incluir”.
Conforme Negrine e Machado (2004), a deficiência (como ciência) tem como tese central, de acordo com a opinião de Vygotsky, a questão de que a criança cujo desenvolvimento está complicado ou comprometido por alguma deficiência não é simplesmente uma criança menos desenvolvida que seus contemporâneos normais, mas desenvolvida de outro modo. Cremos que isso dificulta a vontade dos profissionais em abraçar esse trabalho.
A baixa expectativa que se tem da aprendizagem dos deficientes mentais chamados de graves diminuí, também, o empenho da escola na utilização de recursos especiais para que aconteça o desenvolvimento das esferas do simbólico, ficando insistentemente presas as atividades práticas.
2.2.A LINHA DESTE DESENVOLVIMENTO
A Escola, depois da família, é o espaço primeiro e fundamental para o processo de socialização da criança.
A atual política educacional brasileira inclui, em suas metas, a integração de crianças e jovens portadores de deficiência na escola regular, com apoio de atendimento educacional especializado, quando necessário.
A pessoa portadora de deficiência, no seu processo de socialização, pode incorporar as crenças da sociedade e desenvolver uma auto-imagem de pessoa incapaz.
A oportunidade de convívio com pessoas não portadoras de deficiência torna possível uma vida de normalidade para o portador de deficiência, que pode se perceber como uma pessoa capaz e se desenvolver em todos os aspectos.
A segregação vivenciada pelas pessoas com deficiência, em consequência da não aceitação e da dificuldade de crianças e adultos em lidar e conviver com o portador de deficiência, acontece também por causa da desinformação generalizada da sociedade a respeito das deficiências.
Sabe-se que quanto mais cedo se estabelecer essa integração, tanto melhor e mais fácil será para crianças com deficiência como para não portadores de deficiência experimentarem positivamente essa convivência.
Contudo, não é simples de se conseguir um contexto efetivo de integração. O desconhecimento e o consequente medo por parte das pessoas é um obstáculo às situações onde as pessoas portadoras de deficiência possam conviver com as demais.
Uma das ideias e práticas mais disseminadas por nós é a concepção da Educação Especial como sinônimo de atendimento especializado, em local especial às pessoas com deficiência. São consequências de desinformação e “medos”, as seguintes ideias:
só algumas pessoas portadoras de deficiência podem beneficiar-se da educação;
outros portadores de deficiência poderiam apenas ser “treinados” a executar tarefas simples e básicas;os portadores de deficiência são pessoas tão “especiais que exigem professores especializados, escolas especiais, conteúdos e métodos especiais, porque aprendem (quando aprendem) por “mecanismos” diferentes.
Na verdade, embora haja os alunos com deficiência que de fato necessitam de medidas especiais, a grande maioria tem condição de ser atendida em escolas ou classes comuns. Há uma gradação dessas necessidades especiais.
2.3. É IMPRESCINDÍVEL O ENVOLVIMENTO DOS PROFISSIONAIS
No entanto, estamos cientes de que as experiências de integração de crianças portadoras de deficiência no ensino são ainda incipientes, e merecem uma reflexão tanto sobre o seu processo de implantação quanto sobre seus resultados. Além disso, é imprescindível o envolvimento de profissionais de áreas interligadas como saúde e ação social, bem como dos pais e comunidade em geral.
Faz-se necessário, também, para um aprofundamento dessas práticas e para uma maior eficácia das mesmas, um trabalho de sensibilização do corpo docente, discente e dos funcionários da rede de ensino, acrescido de um programa de capacitação e aprimoramento profissional.
Assim, é fundamental um trabalho com os que dirigem e atuam no sistema de ensino, bem como com os pais que têm crianças atendidas nas escolas. Um trabalho que tenha como objetivo modificar posturas e atitudes com relação à frequência de crianças com deficiências nessas unidades, bem como difundir informações corretas sobre o tema.
É importante ressaltar que um trabalho desses, de preparação das escolas para aceitarem crianças com deficiências, contribui para um melhor atendimento às crianças em geral e também para o desenvolvimento de ações de prevenção e detecção precoce de deficiências.
2.4. TRABALHO EDUCATIVO COM O AUTISTA
A novidade que tem mais empolgado os pesquisadores são os bons resultados obtidos com o diagnóstico e o tratamento precoce. Quanto mais cedo se detecta a síndrome, maiores são as chances de quebrar as barreiras de isolamento da criança e de interferir em seu desenvolvimento.
A educação de uma criança autista é uma experiência singular e que exige muito do educador, uma vez que a programação pedagógica dessas crianças deve estar embasada nas suas necessidades, e direcionada para o desenvolvimento de suas habilidades e competências, favorecimento de seu bem estar emocional e equilíbrio pessoal de forma harmoniosa, e ter como meta principal a sua introdução ou aproximação em um mundo de relações humanas significativas.
De acordo com SCHWARTZMAN & ASSUNÇÃO JUNIOR (1995), na elaboração de qualquer programa direcionado à educação do portador de autismo, deve-se observar quais canais de comunicação se apresentam mais receptivas a uma estimulação e o nível de desenvolvimento da criança ou jovem autista ao selecionar os objetivos a serem trabalhados numa programação psicopedagógica. É fundamental verificar se não estão acima de suas condições cognitivas.
Principalmente na infância, o desenvolvimento da linguagem exige atenção, uma vez que a criança autista não tem o hábito de se comunicar com os outros. Por isso, o programa educacional destinado à criança autista deve ser adequado às suas habilidades cognitivas, assim como o meio-ambiente e as instituições devem ser bem estruturados. Porém, esta não é a realidade brasileira. O autista acaba ficando sem opção de escola. São poucas as instituições realmente especializadas no problema e o governo não incentiva nem fornece recursos para as mesmas, o que acaba por dificultar o trabalho com autistas.
Como os portadores desta patologia têm diferenças individuais mais acentuadas, o potencial e as necessidades da criança são os principais critérios utilizados na determinação dos objetivos a serem alcançados através do programa educativo. Consequentemente, a maior parte das crianças autistas não pode participar de uma sala de aula comum. Embora escolas especiais e classes para crianças autistas existam, muitas delas não se encontram devidamente preparadas para tratar destas crianças.
Neste aspecto, a relação professor/aluno também é um importante meio para retirar a criança autista do seu isolamento. Para SCHWARTZMAN e ASSUNÇÃO JUNIOR (1995), quanto mais significativos para a criança forem os seus professores, maiores serão as chances dela promover novas aprendizagens, ou seja, independente da programação estabelecida, ela só ganhará dimensão educativa quando ocorrer uma interação entre o aluno autista e o professor.
Na escola, é prudente que o aluno seja recebido por um profissional com o qual já tenha estabelecido um vínculo, e que essa pessoa introduza o aluno ao professor. Este profissional será a referência da criança nesse momento e funcionará como ponto de apoio do professor em sala, permitindo que as atividades pedagógicas sejam desenvolvidas sem interrupção, mesmo quando alguma criança tiver uma crise.
Em cada aula, o professor deve estabelecer uma rotina e segui-la, contando com o apoio da coordenação e supervisão na definição das atividades adequadas ao grupo.
O professor terá que assumir sempre uma postura de calma e continência diante de problemas ou de uma crise da criança, transmitindo segurança e controle da situação.
O elogio e a atenção são excelentes armas para a obtenção de comportamentos positivos.
SGHWARTZMAN & ASSUNÇÃO JUNIOR (1995) apontam ainda que outro fato relevante na educação do autista é que o professor promova interações das crianças autista com outras crianças do ensino regular. Os autores citados acreditam que o autista ganha através dos modelos oferecidos pelas crianças do ensino regular, e pela quantidade de estimulação que este ambiente escolar propicia.
3. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva. Onde serão pesquisadas crianças, com idade escolar dos sexos feminino e masculino, de uma Escola Especial.
Será utilizado utilizado o PEP-R (Perfil Psicoeducacional Revisado), passado e atual, e dados da história do indivíduo levantados no prontuário dos pacientes, juntamente com uma observação destas crianças, nesta escola.
Cada criança deve ser analisada individualmente, para que seu programa de tratamento também seja feito de maneira individual. Não é porque as crianças têm o mesmo diagnóstico que apresentam as mesmas dificuldades. Esta metodologia mostra-nos exatamente isto. Todos são diferentes e suas rotinas e atividades devem ser estudadas de acordo com a necessidade específica de cada um, o que é constatado através do PEP-R.
3.1. TIPO DE PESQUISA
O presente estudo refere-se a uma pesquisa de caráter qualitativo e tem por objetivo investigar se é possível desenvolver habilidades sociais em crianças com diagnóstico de autismo. Mesmo não tendo certeza se este é o melhor caminho a ser seguido, inicialmente, por meio de levantamento teórico de vários autores especialistas da área, a ideia é identificar e traçar uma linha do desenvolvimento das crianças autistas juntamente com crianças que não apresentam essa deficiência no ambiente escolar.
3.2. O LOCAL DA PESQUISA E OS PARTICIPANTES
Numa etapa inicial será feito um levantamento dos profissionais que se disponibilizarão a participar da pesquisa, depois de definido os participantes, que inicialmente será os professores de instituições escolares que aceitam crianças com autismo e instituições que oferecem apoio na educação dessas mesmas crianças.
3.3. OS INSTRUMENTOS DA PESQUISA
Como instrumento, será feito um levantamento teórico e posteriormente, a formulação de entrevistas com profissionais ligados a educação de crianças com autismo. Após analisar como é realizado a inclusão de crianças autistas no ambiente escolar.
3.4. ANÁLISE DOS DADOS
Diante dos dados obtidos sobre a educação das crianças autistas e a sua inclusão na sociedade.
Pretendo com esta pesquisa analisar a importância da inclusão dessas crianças no ambiente escolar, as dificuldades encontradas pelos educadores para se adequarem as novas situações.
Será feito um esclarecimento para que fique claro que é fundamental a estimulação destas crianças; deve haver uma rotina de trabalho, mas o mundo não deve adaptar-se a eles, e sim, eles ao mundo; é necessário fazer enfrentamento com situações que lhes pareçam difíceis, para que não haja agravamento na área social.
4.REFERÊNCIAS
ASSUMPÇÃO, Francisco Batista Júnior, SCHWARTZMAN, José Salomão. Autismo Infantil. São Paulo: Memnon, 1995.
BAPTISTA, C. ROBERTO, BOSA, CLEONICE (orgs). Autismo e Educação. Porto Alegre, Artmed, 2002.
SCHWARTZMAN, Salomão J. Autismo Infantil. Brasília, Corde, 1994.
GAUDERER, E. Christian. Década 80: Autismo. São Paulo:Sarvier, 1985.
BAUTISTA, Rafael. Necessidades Educativas Especiais. Portugal: Dina Livros, 1995.
SZABO, Cleuza. Autismo um Mundo Estranho. São Paulo: Edicon, 1999.
BOSA, Cleonice & Callias, Maria. Autismo: breve revisão de diferentes abordagens. Psicologia: Reflexão e Crítica. Porto Alegre, v.13, p.167-177, 2000.
BOSA, Cleonice. Atenção compartilhada e identificação precoce do autismo. Psicologia: Reflexão e Crítica, v.15, p. 77-88. Porto Alegre, 2002.

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